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Arte abre passagem

A exposição “Arte abre passagem” surgiu da reflexão diante da seleção das obras dos alunos que iriam compor a exposição de arte dos alunos da Escola Elyseu Paglioli na Casa de Cultura Mario Quintana, no espaço de arte Sapato Florido, em maio de 2013.

Arte abre passagem... ao que está em curso, ao que não está fixo nem pré determinado! Em diálogo com minha colega de artes visuais, quase sempre esta perspectiva nos orienta, de que ao tratar de uma linguagem de expressão, podemos planejar determinadas ações e conceitos, lembrando que ao entrar em contato com os nossos alunos isto vai ser modificado e ampliado de forma a dar sentido a eles e a nós, pois estamos permeando uma sensação de alguma matéria ou forma de expressar diante de uma imagem que ainda é imaterial, conversa, proposição ou por estarmos no entorno de algo que não nos é familiar ou só é uma percepção de algo que ainda não será simbolizado dentro de parâmetros de linguagem formal.

Assim, quando a vida nos coloca este limitador, procuramos nos conscientizar de que a arte existe em nós e não é propriedade de nenhuma disciplina que estabelece o que é arte. Dentro disto, nos colocamos como meio dentro de nossas possibilidades de educadores em arte, assim nossas ações são permeadas pela possibilidade real que está ao nosso alcance e de nossa linguagem e de nossa formação. Linguagem esta que é híbrida, que é a linha, a mancha, o viscoso, o espaço, a cor, o recorte, o fragmento, o material que já tem forma, a percepção tátil, o cheiro, o olhar que paira e é registrado pela máquina fotográfica, o olhar em forma caleidoscópica.

O fragmento que ao entrar junto com paredes de espelhos nos remetem ao mundo imaginário, às simetrias absurdas e às composições arrebatadoras e às proposições de vivenciar a visualidade de forma ampla, expandindo os horizontes de quem faz e de quem observa, abrindo passagem ao pensar. Se é que o pensar já não iniciou quando pegamos o primeiro fragmento para compor o caleidoscópio, a pintura, o gesto, o tato na textura, o enrugado de um papelão.

 

Onde começa a arte? Será que ela tem um início, como podemos estabelecer um começo, no que esta sempre vivo e pulsante? Onde será que começa a tal inclusão, será que quando nos propomos a estar atentos ao desejo e a sensibilidade de propormos uma descoberta de caminhos saudáveis em arte? A construir uma linguagem com alguém que não imagina o que é linguagem, que ao se deparar com sua descoberta demonstra em um sorriso, ou em expressão de satisfação pelo seu rosto que está mais relaxado, pelo seu gesto que fica mais suave, pelo som que não é uma pré-fala ainda, pelo seu permanecer em um espaço de aula por bom tempo sem demonstrar insatisfação. Quando começa a arte? Às vezes ela acontece em códigos que podemos mensurar, ou é um caminho de passagem a outro estado de espera ou de avanços e de expressão de integridade com suas descobertas, nos revelando um mundo de beleza interna.

 

Podemos sentir que é possível abrir passagem pela arte, ver e ouvir, sentir que estamos sendo um meio com os alunos, que estamos no caminho de proporcionar um escape de uma repetição que captura e solidifica ações e gestos. Devemos propiciar o acesso e garantir espaços saudáveis para a arte, perceber que o conhecimento se constrói de infinitas maneiras, e que só o que é verdadeiro se coloca diante de nós, a arte é esta passagem pelas nossas inquietações e anseios, nos colocando em frente do que é necessário e vital na vida que salta aos olhos e ao coração, na qual a expressão é fundamental.

 

Esse texto é fruto do diálogo dos arte-educadores Ernani Chaves e Márcia Wander nos encontros da sala de artes da Escola Elyseu Paglioli.

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